Um dia bom – 5 de Janeiro de 2007
Hoje o dia correu-me bem. Nesta altura já oiço o regozijo da Lisa, da Paula, com quem tomo maravilhosos cafés (boa hipálage, a companhia é que é boa…), da Patrícia, da Célia. Porque todas sabem que, nos últimos tempos, nos últimos dias, a minha cabeça não tem descansado com tantas atribulações. Mas só tem atribulações quem tem dúvidas, ou quem nunca se cansa de viver e questionar as coisas.
Só temos verdadeira noção de algumas coisas quando saímos delas, ou quando, depois de algum tempo reflexivo, nos apercebemos do que fizemos mal e porquê. Só nos apercebemos também da pequenez de alguns assuntos e de algumas pessoas quando nos divorciamos da raiz do problema. Alguns assuntos e algumas pessoas são como os calos: ou tratamos a fundo e extirpamos, ou voltam a aparecer.
De todo o trajecto que fiz na vida, posso bem dizer que recuperei de coisas trágicas, negativas, más, que se arrastaram anos e anos. Quando digo recuperei, digo a todos os níveis: físico, psicológico, emocional. Foi um percurso lento e nunca estará acabado, porque sempre exigi de mim muita investigação e muito investimento naquilo que sou, enquanto pessoa, por considerar que esse é o melhor investimento que posso fazer: descobrir quem sou, porque sou assim, o que posso mudar, melhorar, aperfeiçoar, em que erros tenho caído e como sair deles numa próxima vez. Essa é a única maneira de vermos a vida como uma coisa boa: através de olhos lúcidos. Tudo o que esconda a lucidez, não deixa a vida fluir. E normalmente somos acometidos sempre do medo da mudança. Queremos comemorar tudo como sempre comemorámos, fazer tudo como sempre fizemos, ir sempre aos mesmos sítios da mesma maneira, com as mesmas pessoas. Mas o mundo é composto de mudança. E nem sempre gostamos dela da forma como aparece, porque o que gera mudança pode ser alguma coisa positiva ou negativa. E as consequências podem ser desastrosas, tipo filme de ficção.
Na minha vida, tenho aprendido que lidar com as pessoas e a cabeça das pessoas é das coisas mais estranhas do mundo, mas também mais compensadoras, a todos os níveis. Mesmo no pior, há alguém que nos acalma, nos socorre, nos amortiza as quedas piores, alguém que nos deposita nem que seja um olhar de compaixão e solicitude. Às vezes são pessoas estranhas, mas que devem ser sensíveis ao nosso estado de espírito e nos vêem a alma, ou sentem a energia com que estamos nesse dia. Ontem atravessei o dia com a noção de que estava a ser sugada pelas circunstâncias, mas hoje acordei com a sensação contrária, não que domine circunstância alguma, mas que estou a aprender, e que o caminho que trilho está certo, correcto e confere com tudo o que sou, como pessoa. Ontem estava em transe, não sabia bem quem era, nem porque era, estava suspensa no universo do «e agora?». Agora eu sou eu, independentemente dos meus erros piores, que normalmente se devem a uma clara falha de assertividade da minha parte (e tantas vezes das pessoas com quem lido).
Quando não sabemos bem quem somos, isso transparece e há só dois tipos de público: o que nos compreende e o que não. Aqueles que não nos compreendem, certamente, mais tarde ou mais cedo, se aproveitarão da nossa inocência ou falta de segurança. Se forem pessoas com sede de poder, a coisa piora. Se forem pessoas maldosas ou mal formadas temos de estar preparados para um certo cinismo aprendido com a vida. Com essas pessoas, nunca devemos ser sinceros acerca de quem somos, simplesmente porque isso não lhes diz respeito. Isto eu aprendi à minha conta e da pior forma possível. Quando mais expus a estas pessoas sobre mim, mais riscos corri de ser humilhada e destratada. Por isso o silêncio é de ouro e pode realmente ser muito agressivo. Mas a palavra também.
Feliz ou infelizmente, o meu poder está muito cá dentro e está na palavra escrita, não dita. O mais provável é que o mais importante de mim nunca fique exposto a olho nu, mas sim o que tenho à flor da pele, e com a maior parte das pessoas também é assim. Há é diferenças estruturais no recheio do bolo. Porque o bom carácter ou se tem ou se não tem, como diz a Lisa, e não há muito a fazer, porque por muito boa ou má que a educação em casa tenha sido, o carácter vem ao de cimo, mais tarde ou mais cedo.
Hoje o dia correu-me bem. Nesta altura já oiço o regozijo da Lisa, da Paula, com quem tomo maravilhosos cafés (boa hipálage, a companhia é que é boa…), da Patrícia, da Célia. Porque todas sabem que, nos últimos tempos, nos últimos dias, a minha cabeça não tem descansado com tantas atribulações. Mas só tem atribulações quem tem dúvidas, ou quem nunca se cansa de viver e questionar as coisas.
Só temos verdadeira noção de algumas coisas quando saímos delas, ou quando, depois de algum tempo reflexivo, nos apercebemos do que fizemos mal e porquê. Só nos apercebemos também da pequenez de alguns assuntos e de algumas pessoas quando nos divorciamos da raiz do problema. Alguns assuntos e algumas pessoas são como os calos: ou tratamos a fundo e extirpamos, ou voltam a aparecer.
De todo o trajecto que fiz na vida, posso bem dizer que recuperei de coisas trágicas, negativas, más, que se arrastaram anos e anos. Quando digo recuperei, digo a todos os níveis: físico, psicológico, emocional. Foi um percurso lento e nunca estará acabado, porque sempre exigi de mim muita investigação e muito investimento naquilo que sou, enquanto pessoa, por considerar que esse é o melhor investimento que posso fazer: descobrir quem sou, porque sou assim, o que posso mudar, melhorar, aperfeiçoar, em que erros tenho caído e como sair deles numa próxima vez. Essa é a única maneira de vermos a vida como uma coisa boa: através de olhos lúcidos. Tudo o que esconda a lucidez, não deixa a vida fluir. E normalmente somos acometidos sempre do medo da mudança. Queremos comemorar tudo como sempre comemorámos, fazer tudo como sempre fizemos, ir sempre aos mesmos sítios da mesma maneira, com as mesmas pessoas. Mas o mundo é composto de mudança. E nem sempre gostamos dela da forma como aparece, porque o que gera mudança pode ser alguma coisa positiva ou negativa. E as consequências podem ser desastrosas, tipo filme de ficção.
Na minha vida, tenho aprendido que lidar com as pessoas e a cabeça das pessoas é das coisas mais estranhas do mundo, mas também mais compensadoras, a todos os níveis. Mesmo no pior, há alguém que nos acalma, nos socorre, nos amortiza as quedas piores, alguém que nos deposita nem que seja um olhar de compaixão e solicitude. Às vezes são pessoas estranhas, mas que devem ser sensíveis ao nosso estado de espírito e nos vêem a alma, ou sentem a energia com que estamos nesse dia. Ontem atravessei o dia com a noção de que estava a ser sugada pelas circunstâncias, mas hoje acordei com a sensação contrária, não que domine circunstância alguma, mas que estou a aprender, e que o caminho que trilho está certo, correcto e confere com tudo o que sou, como pessoa. Ontem estava em transe, não sabia bem quem era, nem porque era, estava suspensa no universo do «e agora?». Agora eu sou eu, independentemente dos meus erros piores, que normalmente se devem a uma clara falha de assertividade da minha parte (e tantas vezes das pessoas com quem lido).
Quando não sabemos bem quem somos, isso transparece e há só dois tipos de público: o que nos compreende e o que não. Aqueles que não nos compreendem, certamente, mais tarde ou mais cedo, se aproveitarão da nossa inocência ou falta de segurança. Se forem pessoas com sede de poder, a coisa piora. Se forem pessoas maldosas ou mal formadas temos de estar preparados para um certo cinismo aprendido com a vida. Com essas pessoas, nunca devemos ser sinceros acerca de quem somos, simplesmente porque isso não lhes diz respeito. Isto eu aprendi à minha conta e da pior forma possível. Quando mais expus a estas pessoas sobre mim, mais riscos corri de ser humilhada e destratada. Por isso o silêncio é de ouro e pode realmente ser muito agressivo. Mas a palavra também.
Feliz ou infelizmente, o meu poder está muito cá dentro e está na palavra escrita, não dita. O mais provável é que o mais importante de mim nunca fique exposto a olho nu, mas sim o que tenho à flor da pele, e com a maior parte das pessoas também é assim. Há é diferenças estruturais no recheio do bolo. Porque o bom carácter ou se tem ou se não tem, como diz a Lisa, e não há muito a fazer, porque por muito boa ou má que a educação em casa tenha sido, o carácter vem ao de cimo, mais tarde ou mais cedo.
2 Comments:
Ena o dia correu-te bem! Deve ter sido porque lanchámos juntas! :p Modéstia à parte (lol), espero que tenhas mais dias assim. A nossa consciência é a nossa melhor amiga (nós às vezes é que não a respeitamos como ela merece) :)*Keep clean!*
Olha, pode bem ter sido por isso! Gosto muito de lanchar contigo, és bué fixe!!
A consciência, amiga, se todos a tivessem, havia uma revolução no mundo...
Beijinhos.
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