O síndrome de Eva
Toda a gente já entendeu que o meu blogue também se alimenta de uma espécie de cunho idealista feminimo. Uma utopia. É verdade. Tenho uma utopia, um ideal do que é ser-se mulher. Não estará distante de muitas mulheres que conheço, todas super-mulheres, mas está a milhas de distância de muitas e muitas outras, que tendo uma vagina e sabendo usá-la, não são mulheres completas por outros motivos.
Há séculos e séculos que as mulheres se aperceberam que a vagina não serve só para urinar, ser o ponto de partida para procriar e parir. A vagina é uma arma poderosa. Por isso existe prostituição. Os filmes pornográficos vendem por causa das mulheres – apesar de existirem muitos gays no mundo, não serão eles a grande maioria de homens que visiona e compra filmes pornográficos. A vagina é mais do que isso. Eva puxa Adão para o pecado, é um ser desviante e transgressor, instigador do mal, a partir daí sentem vergonha do sexo e ela passa a ter dores menstruais e de concepção. Muitas mulheres assumem bem a sua faceta de Eva: sensual, despudorada, desvirtuada, desmiolada, sensível, frágil e a necessitar da protecção de Adão: “ Amor, não queres antes ir tirar fruta da outra árvore, não sei, para a gente variar...”, e ele: “ Opá, não, nesta árvore tá-se bem, Deus disse-me para vir aqui “, e ela: “ Olha, amor, se vieres comigo à outra árvore, dou-te um doce! “. Decerto que Adão, olhando-lhe as mamas e o cu, terá proclamado: “ Bute lá, Deus não há-de ficar chateado, Ele é um gajo que perdoa tudo “.
Esta atitude da mulher «sensível e frágil», mas sacana, atravessa séculos e gerações até aos nossos dias. Quando uma mulher quer atenção, não há quem a ature, por mais brando e honesto que seja um homem. Uma mulher descompensada é do pior que se pode arranjar. Primeiro, porque cria conflitos com os demais sem razão para isso. Depois porque, sabendo o lixo que ali vai dentro, procura ficar orgulhosa de si mesma da pior forma possível. E em último porque não arranja namorados nem maridos, mas escravos ao seu dispor, como provavelmente serão as outras pessoas à sua volta. Quem não entrar no sistema esclavagista que ela arranja, está excluído do jogo. São formas perigosas de viver, eu acho, mas sobretudo pouco honestas. Vivo na utopia de achar que todas as mulheres são mulheres e que, mais tarde ou mais cedo, este comportamento infrutífero terá o seu castigo, até para elas próprias. Em primeiro lugar, porque nos apaixonamos, logo, todos estamos em risco permanente de, fazendo as coisas baseadas noutros princípios que não os dos sentimentos, irmos ter a um beco totalmente escuro e sem saída, uma Eva que diz “Porra, só há este Adão? Este já deu o que tinha a dar!”. Mas essa é também uma Eva perdida, fora de si mesma. E uma pessoa para se perder tem de ser inteligente. Quem não é inteligente, nunca se perde, por isso também nunca procura outros caminhos. Arriscamos por isso a ter uma Eva burra, que perdeu boas oportunidades no amor em busca de boas oportunidades na vida, recheada de muitas outras coisas.
A diferença aqui reside em duas coisas: naquilo que é, para nós, perder tempo, e naquilo que é, para nós, ter sucesso. Penso que há pessoas cujo caminho é todo ele desenhado em função de objectivos, sem mais nada a moldá-los. E penso que há pessoas que batalham pelo caminho que percorrem, para que seja um percurso digno de si mesmas e justo. É natural que, em ambos os casos e de diferentes maneiras, criemos muitos inimigos. Não vale a pena ter a perspectiva de que somos bons para toda a gente, porque isso é uma hipocrisia danada. Sendo justos ou injustos, magoamos sempre alguém.
E por outro lado há o sucesso. O que é e a importância que ele pode ter para nós. Para mim sucesso é um conjunto de factores, e muitos passam pelo espírito. Ter um suporte, uma base vivencial rica passa por fazermos amigos, passa por saber amar e sabermos ser amados. E é que saber amar parece inato mas não é. Amar é que é inato. Saber amar é uma aprendizagem de uma vida, às vezes dolorosa. É preciso ter paciência, saber dosear quem somos, mas não filtrar quem somos até sermos o «outro». Sermos o outro é a pior coisa do mundo. Quem nos ensinou que isso é amar? Podemos amar e ter gostos diferentes, vidas diferentes, mas complementarmos a nossa vida na vida do outro. Não substituí-la. Saber isto é saber amar, sem a histeria do «estou curado dos males do mundo». Os budistas falam muitas vezes nas frases de anulação de nós mesmos que proferimos: «vivo por ti», «somos iguais», «curei-me graças a ti», «quando não estás morro». São frases auto-destrutivas. Estamos a atribuir às pessoas a capacidade de um comprimido. Há comprimidos que os hipertensos, os diabéticos, os doentes renais têm de tomar toda a vida. Não tomamos as pessoas com um copo de água, e dá a sensação de que, se pudéssemos, atá fazíamos isso. Quem gostar de ser esse elemento «activo» da relação, sem o qual não se vive, que se cuide, porque ou é sensível e diz ao amado/amada «não pode ser assim», ou o incita a continuar neste disparate, de forma fria e calculista. Será uma pessoa que se vai espetar por causa de uma frivolidade sem par, a frivolidade do «outro».
Com certeza, dir-me-ão, há muitos homens assim. Há pois é. Mas mulheres então...nem queiram saber. Tornaram-se feras quando viram que os homens agora cuidam da aparência, já não cheiram a cavalo e têm cartão de crédito. Tenho conhecido Evas terríveis, que usam o poder como contra-poder, que eliminam quem não lhes agrada, e no fim, tudo o que tiveram de fazer foi acercar-se dos homens e dizer-lhes “Sou frágil, preciso da tua protecção”.
2 Comments:
Eu acho que a Floribela é frágil e precisa de protecção. Não sei, digo eu ;)*
Olha, amiga, a Floribella, quanto a mim, é mais doença mental e muito charro...ela fala com as árvores, tá??
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