Monday, January 15, 2007

“ Saúdo a vida com uma enorme e pungente tristeza que oiço cá dentro cada vez mais alto, numa voz dissonante e profíqua de dor. Oiço-te à distância, sei-te cruelmente longe, e nesses dias menos bons, apetece-me ir ter contigo por uma via fácil, que é inexistente, bem sei, e cujo fio à meada felizmente perdi. Cedo aos últimos impulsos do crime que foi perder-Te e oiço bem no fundo da minha alma: anda ter comigo. O impulso da morte que permanece e dói é o impulso da vida. Chateio-me duramente comigo por não ter aprendido nada desde que Te foste, fujo para o cinema num dia de sol e procrastino todas as coisas de hoje para depois de hoje, noutro dia qualquer. Por isso, meu amor, digo mais uma vez bem alto para eu própria me ouvir bem: tudo o que fiz na vida foi só aprender.
E o mundo não muda por isso, nem avança nem recua nem tropeça. É uma pena. “

1 Comments:

At 2:41 AM, Blogger XaninhA said...

Remeteste-me imediatamente para aqui:

"Quando eu nasci,
Ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias,
Nem o Sol escureceu,
Nem houve Estrelas a mais...
Somente,
Esquecida das dores,
A minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
Não houve nada de novo
Senão eu.

As nuvens não se espantaram,
Não enlouqueceu ninguém...

P'ra que o dia fosse enorme,
Bastava
Toda a ternura que olhava
Nos olhos de minha Mãe..."

Sebastião da Gama

:)*

 

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