Os contra-valores
Já não me lembro qual foi o autor que inventou ou proclamou a autoria da expressão «relativismo axiológico», mas considero a expressão fantástica. Significa ver cinzento onde dantes se via a preto e branco. Significa perder valores cruciais e fundamentais para valores «mais ou menos». Significa que os Morangos com Açúcar tomaram conta da vida de todos os dias, de todas as pessoas, mesmo as que não vêem os Morangos com Açúcar ou não têm uma agenda dessas 2007. Eu tenho. O meu pai ofereceu-me uma, e decerto não foi por eu ver o programa, mas porque a maior parte das agendas onde ele comprou aquela deveria ser relativa à série da TVI.
Há muitas coisas de que as novas gerações são acusadas, às vezes injustamente. No tempo em que fui adolescente também fui assim, e já me sinto suficientemente satisfeita de não ser mais um jovem adulto a viver à custa dos pais, mas infelizmente já fui, por motivos de desemprego. Eu tinha uma amiga cuja filosofia era mesmo essa: se podes viver com os pais, é quente e confortável, porquê mudar? É coisa na qual não acredito. Quanto mais tempo em casa dos pais, menos percebemos o nosso sentido de responsabilidade, na vida. E sobretudo, de identidade.
No tempo em que eu andava na faculdade, lembro-me bem de ter tido colegas e mais colegas que trabalhavam para pagar o curso. Eu não tinha de o fazer, nunca fiz, pouco ou nada fazia em casa, e todavia, sentia que trabalhava horrores para conseguir boas notas. Como seria a vida dos meus colegas e amigos? Da Diana, do Paulo, da Rita, da Teresa, e de muitos mais? Muito mais difícil do que a minha, eu sabia disso, mas hoje tenho a certeza e admiro-os ainda mais, quando às vezes oiço conversas de adolescentes, ou mesmo pessoas da minha idade, a gabarem-se de coisas perfeitamente vulgares, como nunca ter chumbado um ano, por exemplo. Pois é. Mas também não tinham de trabalhar fora das horas de estudo, não tiveram divórcios e doenças pelo meio, não viram desaparecer as pessoas de quem mais gostavam durante esses anos. É o meu caso. Era uma miúda que achava sempre que estava a ser injustiçada, que era frágil, muito frágil, até triste, que achava sempre que ia chumbar o ano por causa de algum professor tramado que apanhasse. Vivia num contexto de valores invertidos, no sentido em que desconhecia a realidade circundante.
Muitas pessoas vivem nesse contexto de vida o resto dos seus dias. Chegam a uma idade em que lhes interessa mais um namorado que lhes providencie essas mesmas condições em casa em vez de irem à luta. Se fomos ensinados a ir à luta, nem pomos essa hipótese. As coisas ou acontecem ou não. Mas isso não se prende com favores, com dinheiro, com dar jeito ou não dar jeito. Prende-se com o coração e com a cabeça, mas de uma forma madura e determinada. Infelizmente temos de passar as passas do Algarve, como se diz em bom português, para lá chegar, a esse ponto exacto em que percebemos que sem os dois, a cabeça e o coração, somos desprovidos ou de razão, ou de sentimento, ou de ambos.
Ir à luta não compreende só um desenvolvimento orientado para a sobrevivência, embora basicamente essa seja a luta principal, pela qual todos os animais se batem. Ir à luta também compreende um desenvolvimento interior capaz e responsável. Esse sim é complicado. Exige reflexão permanente, reajustamento de objectivos e de prioridades, e à medida que o tempo avança menos queremos dar-nos ao luxo de gastar tempo com aquilo que é desnecessário. Um filho, tido com vontade e consciência plena, parece-me que leva a isso mesmo, por aquilo que me explicam todas as mães que eu conheço. Só por isso gostava de ter um filho…mas seria uma egoísta se o tivesse só por isso, até porque quando queremos imbicar com uma coisa é um desastre, imbicamos com filhos, sem filhos, com muito ou pouco trabalho. Por isso, temos de fazer um esforço para sermos melhores pessoas todos os dias, sem tirar nem pôr.
Outra coisa que leva a uma reflexão de prioridades é a doença, nossa ou de quem nos rodeia. A doença, segundo as concepções orientais, é um aviso do corpo que vem do fundo da alma. Vem de do-in (dentro de mim mesmo). E há quem estude que mesmo as doenças que vêm do exterior, como uma simples constipação, pode ser reflexo de um sistema imunitário deficiente graças a um problema que deixámos que nos afectasse muito. Isto é o que mais me assusta, porque às vezes levo anos a suavizar algumas ideias dentro da minha cabeça, algumas tão pungentes e fortes.
Uma das ideias cujo valor mais declinei foi a minha própria força pessoal, a minha determinação, as minhas capacidades. Sempre me achei pouco capaz de me defender, ali, no momento. E, por muito que me tente afastar de lugares e pessoas conflituosas, isso parece nunca ter resultado bem para o meu lado. Ou entro em conflito, seja lá como for, ou fico pior. E todas as vezes que as circunstâncias ou eu própria não me deixaram entrar em conflito, eu fiquei a pensar «mas porque é que não sou capaz?». Na realidade, de todos os livros que tenho lido, e a minha biblioteca é grande e as viagens de transportes permitem-me diversas leituras, tenho concluído que até a pessoa mais assertiva e com boa auto estima pode ser chateada e provocada, porque há pessoas que tiram qualquer um do sério. Eu vou dizer-vos o que mais me tira do sério.
Os contra-valores. Os contra-valores são no fundo o grande fruto sumarento desta época fragmentária e louca do século XXI, muito à frente do que qualquer Fernando Pessoa poderia prever. É atacarmos com o contrário daquilo que é bom e correcto, mesmo às vezes sabendo o que é bom e correcto. Fazêmo-lo, essencialmente, por não sabermos quem somos. Então defendemos aquilo que o momento dita. Todos nós já passámos por isto. Mas se fizermos isto sempre, acabaremos por não saber muito bem o que defendemos e quem somos, afinal.
Actualmente vivo na minha vida uma situação gravíssima de contra-valores. Dantes sentia isso nas aulas, quando era professora. Por exemplo, se um dia os alunos entrassem com muito barulho na aula, e eu nada dissesse, eles iriam assumir que isso era correcto, mesmo que não acontecesse noutras disciplinas (e mesmo que soubessem que não era correcto). No fundo, comigo podiam, então faziam. Acho mesmo que essa é a grande lição a aprender com os alunos: vão até onde podem, seja culpa dos professores ou não.
Na vida é assim com toda a gente: as pessoas só vão até onde podem ir. Se lhes dão poder para serem estúpidas, arrogantes, sacanas, malcriadas, elas fazem-no de toda a má fé, mesmo que não leve a nada. Parece estar no ADN codificado que quanto mais massacramos os outros mais ganhamos pontos. Será que as pessoas arrogantes medem consequências? Será que chegam a casa e dizem, «vamos lá marcar no caderninho quantas pessoas consegui hoje oprimir no emprego e aqui em minha casa». Acho que se eu me comportasse assim, na vida que levo, não tinha marido, nem amigos, nem emprego. Não entendo por isso até onde leva a arrogância e quem se predispõe a aturar isso uma vida inteira. Só que, entendendo ou não, não faltam casos desses aos pontapés.
Há duas partes: a do arrogante, que oprime aqueles que considera mais fracos, disfarçando-se numa capa de «eu é que estou certo, assim é que se fala com as pessoas», ou mesmo sob valores comummente aceites como bons, como a sinceridade e a frontalidade; e há a parte de quem sofre a ofensa, a quem cabe pôr um ponto final, sempre difícil, porque um arrogante raramente ataca outro. Um arrogante é um cobarde bem disfarçado: ataca quem não lhe responde. Lembro-me de uma colega na faculdade cujo desporto era dirigir-se a alguém nos seguintes termos «hoje estás miserável». Raramente a vi a fazer um elogio. As pessoas afastavam-se dela, excepto as que eram como ela.
Os contra-valores são no fundo as coisas más que temos cá dentro, mas que vêm disfarçadas no politicamente correcto, que muitas vezes nem é assim tão correcto. Nunca na vida classifiquei como frontalidade a má criação e as más atitudes para com os outros. Uma atitude impensada pode ser desculpada, mas uma atitude sistematicamente negativa não. Não podemos ignorar tudo todos os dias para manter estável a harmonia do mundo, quando o nosso mundo interior fica a ruminar e mais tarde ou mais cedo se vai ressentir dessa falha de assertividade e dar origem à doença. Há, no entanto, muitas pessoas que devemos ignorar e desprezar, sob pena de termos de usar as mesmas armas que elas, o que pode ser fatal para nós. No fundo, se não somos assim, porque temos de responder assim?
Vai parecer que nada tem a ver com o que digo, mas tem muito. Como retaliar ao assassinato? Com assassínio? O Saddam Hussein deveria morrer ou todos deveríamos pagar impostos para que ele se mantivesse vivo, numa cadeia de alta segurança? Que fazer a um genocida? E que fazer a quem entregou armas a este psicopata declarado? Por isso, devemos ignorar, retaliar ou deixar as pessoas apodrecerem de frustração? Acho que devemos sobretudo não nos deixar influenciar pela negatividade das pessoas, às vezes latente não nas palavras, não nos sorrisos, não nos choradinhos, mas no interior delas, visível na sua agressividade exterior, nem sempre coerente com a imagem. Às vezes provarmos que alguém aparentemente pacífico com toda a gente é uma besta connosco é o cabo dos trabalhos. Pergunto-me muitas vezes porque é que uma besta comigo não é uma besta com os outros, e acho sempre que a resposta é a mesma: eu identifico as bestas em cinco minutos, elas nunca me enganam nem ludibriam, e nunca adquiri capacidades suficientes para me defender delas, para as ignorar. Raramente uma besta me convence ou me manipula, o que deve ser um grave problema para esse tipo de pessoas, pelo menos em alguns contextos. Noutros contextos até é bom, fazem-me passar por louca. Parece-me que tenho sempre praticado uma loucura muito saudável, então.
Já não me lembro qual foi o autor que inventou ou proclamou a autoria da expressão «relativismo axiológico», mas considero a expressão fantástica. Significa ver cinzento onde dantes se via a preto e branco. Significa perder valores cruciais e fundamentais para valores «mais ou menos». Significa que os Morangos com Açúcar tomaram conta da vida de todos os dias, de todas as pessoas, mesmo as que não vêem os Morangos com Açúcar ou não têm uma agenda dessas 2007. Eu tenho. O meu pai ofereceu-me uma, e decerto não foi por eu ver o programa, mas porque a maior parte das agendas onde ele comprou aquela deveria ser relativa à série da TVI.
Há muitas coisas de que as novas gerações são acusadas, às vezes injustamente. No tempo em que fui adolescente também fui assim, e já me sinto suficientemente satisfeita de não ser mais um jovem adulto a viver à custa dos pais, mas infelizmente já fui, por motivos de desemprego. Eu tinha uma amiga cuja filosofia era mesmo essa: se podes viver com os pais, é quente e confortável, porquê mudar? É coisa na qual não acredito. Quanto mais tempo em casa dos pais, menos percebemos o nosso sentido de responsabilidade, na vida. E sobretudo, de identidade.
No tempo em que eu andava na faculdade, lembro-me bem de ter tido colegas e mais colegas que trabalhavam para pagar o curso. Eu não tinha de o fazer, nunca fiz, pouco ou nada fazia em casa, e todavia, sentia que trabalhava horrores para conseguir boas notas. Como seria a vida dos meus colegas e amigos? Da Diana, do Paulo, da Rita, da Teresa, e de muitos mais? Muito mais difícil do que a minha, eu sabia disso, mas hoje tenho a certeza e admiro-os ainda mais, quando às vezes oiço conversas de adolescentes, ou mesmo pessoas da minha idade, a gabarem-se de coisas perfeitamente vulgares, como nunca ter chumbado um ano, por exemplo. Pois é. Mas também não tinham de trabalhar fora das horas de estudo, não tiveram divórcios e doenças pelo meio, não viram desaparecer as pessoas de quem mais gostavam durante esses anos. É o meu caso. Era uma miúda que achava sempre que estava a ser injustiçada, que era frágil, muito frágil, até triste, que achava sempre que ia chumbar o ano por causa de algum professor tramado que apanhasse. Vivia num contexto de valores invertidos, no sentido em que desconhecia a realidade circundante.
Muitas pessoas vivem nesse contexto de vida o resto dos seus dias. Chegam a uma idade em que lhes interessa mais um namorado que lhes providencie essas mesmas condições em casa em vez de irem à luta. Se fomos ensinados a ir à luta, nem pomos essa hipótese. As coisas ou acontecem ou não. Mas isso não se prende com favores, com dinheiro, com dar jeito ou não dar jeito. Prende-se com o coração e com a cabeça, mas de uma forma madura e determinada. Infelizmente temos de passar as passas do Algarve, como se diz em bom português, para lá chegar, a esse ponto exacto em que percebemos que sem os dois, a cabeça e o coração, somos desprovidos ou de razão, ou de sentimento, ou de ambos.
Ir à luta não compreende só um desenvolvimento orientado para a sobrevivência, embora basicamente essa seja a luta principal, pela qual todos os animais se batem. Ir à luta também compreende um desenvolvimento interior capaz e responsável. Esse sim é complicado. Exige reflexão permanente, reajustamento de objectivos e de prioridades, e à medida que o tempo avança menos queremos dar-nos ao luxo de gastar tempo com aquilo que é desnecessário. Um filho, tido com vontade e consciência plena, parece-me que leva a isso mesmo, por aquilo que me explicam todas as mães que eu conheço. Só por isso gostava de ter um filho…mas seria uma egoísta se o tivesse só por isso, até porque quando queremos imbicar com uma coisa é um desastre, imbicamos com filhos, sem filhos, com muito ou pouco trabalho. Por isso, temos de fazer um esforço para sermos melhores pessoas todos os dias, sem tirar nem pôr.
Outra coisa que leva a uma reflexão de prioridades é a doença, nossa ou de quem nos rodeia. A doença, segundo as concepções orientais, é um aviso do corpo que vem do fundo da alma. Vem de do-in (dentro de mim mesmo). E há quem estude que mesmo as doenças que vêm do exterior, como uma simples constipação, pode ser reflexo de um sistema imunitário deficiente graças a um problema que deixámos que nos afectasse muito. Isto é o que mais me assusta, porque às vezes levo anos a suavizar algumas ideias dentro da minha cabeça, algumas tão pungentes e fortes.
Uma das ideias cujo valor mais declinei foi a minha própria força pessoal, a minha determinação, as minhas capacidades. Sempre me achei pouco capaz de me defender, ali, no momento. E, por muito que me tente afastar de lugares e pessoas conflituosas, isso parece nunca ter resultado bem para o meu lado. Ou entro em conflito, seja lá como for, ou fico pior. E todas as vezes que as circunstâncias ou eu própria não me deixaram entrar em conflito, eu fiquei a pensar «mas porque é que não sou capaz?». Na realidade, de todos os livros que tenho lido, e a minha biblioteca é grande e as viagens de transportes permitem-me diversas leituras, tenho concluído que até a pessoa mais assertiva e com boa auto estima pode ser chateada e provocada, porque há pessoas que tiram qualquer um do sério. Eu vou dizer-vos o que mais me tira do sério.
Os contra-valores. Os contra-valores são no fundo o grande fruto sumarento desta época fragmentária e louca do século XXI, muito à frente do que qualquer Fernando Pessoa poderia prever. É atacarmos com o contrário daquilo que é bom e correcto, mesmo às vezes sabendo o que é bom e correcto. Fazêmo-lo, essencialmente, por não sabermos quem somos. Então defendemos aquilo que o momento dita. Todos nós já passámos por isto. Mas se fizermos isto sempre, acabaremos por não saber muito bem o que defendemos e quem somos, afinal.
Actualmente vivo na minha vida uma situação gravíssima de contra-valores. Dantes sentia isso nas aulas, quando era professora. Por exemplo, se um dia os alunos entrassem com muito barulho na aula, e eu nada dissesse, eles iriam assumir que isso era correcto, mesmo que não acontecesse noutras disciplinas (e mesmo que soubessem que não era correcto). No fundo, comigo podiam, então faziam. Acho mesmo que essa é a grande lição a aprender com os alunos: vão até onde podem, seja culpa dos professores ou não.
Na vida é assim com toda a gente: as pessoas só vão até onde podem ir. Se lhes dão poder para serem estúpidas, arrogantes, sacanas, malcriadas, elas fazem-no de toda a má fé, mesmo que não leve a nada. Parece estar no ADN codificado que quanto mais massacramos os outros mais ganhamos pontos. Será que as pessoas arrogantes medem consequências? Será que chegam a casa e dizem, «vamos lá marcar no caderninho quantas pessoas consegui hoje oprimir no emprego e aqui em minha casa». Acho que se eu me comportasse assim, na vida que levo, não tinha marido, nem amigos, nem emprego. Não entendo por isso até onde leva a arrogância e quem se predispõe a aturar isso uma vida inteira. Só que, entendendo ou não, não faltam casos desses aos pontapés.
Há duas partes: a do arrogante, que oprime aqueles que considera mais fracos, disfarçando-se numa capa de «eu é que estou certo, assim é que se fala com as pessoas», ou mesmo sob valores comummente aceites como bons, como a sinceridade e a frontalidade; e há a parte de quem sofre a ofensa, a quem cabe pôr um ponto final, sempre difícil, porque um arrogante raramente ataca outro. Um arrogante é um cobarde bem disfarçado: ataca quem não lhe responde. Lembro-me de uma colega na faculdade cujo desporto era dirigir-se a alguém nos seguintes termos «hoje estás miserável». Raramente a vi a fazer um elogio. As pessoas afastavam-se dela, excepto as que eram como ela.
Os contra-valores são no fundo as coisas más que temos cá dentro, mas que vêm disfarçadas no politicamente correcto, que muitas vezes nem é assim tão correcto. Nunca na vida classifiquei como frontalidade a má criação e as más atitudes para com os outros. Uma atitude impensada pode ser desculpada, mas uma atitude sistematicamente negativa não. Não podemos ignorar tudo todos os dias para manter estável a harmonia do mundo, quando o nosso mundo interior fica a ruminar e mais tarde ou mais cedo se vai ressentir dessa falha de assertividade e dar origem à doença. Há, no entanto, muitas pessoas que devemos ignorar e desprezar, sob pena de termos de usar as mesmas armas que elas, o que pode ser fatal para nós. No fundo, se não somos assim, porque temos de responder assim?
Vai parecer que nada tem a ver com o que digo, mas tem muito. Como retaliar ao assassinato? Com assassínio? O Saddam Hussein deveria morrer ou todos deveríamos pagar impostos para que ele se mantivesse vivo, numa cadeia de alta segurança? Que fazer a um genocida? E que fazer a quem entregou armas a este psicopata declarado? Por isso, devemos ignorar, retaliar ou deixar as pessoas apodrecerem de frustração? Acho que devemos sobretudo não nos deixar influenciar pela negatividade das pessoas, às vezes latente não nas palavras, não nos sorrisos, não nos choradinhos, mas no interior delas, visível na sua agressividade exterior, nem sempre coerente com a imagem. Às vezes provarmos que alguém aparentemente pacífico com toda a gente é uma besta connosco é o cabo dos trabalhos. Pergunto-me muitas vezes porque é que uma besta comigo não é uma besta com os outros, e acho sempre que a resposta é a mesma: eu identifico as bestas em cinco minutos, elas nunca me enganam nem ludibriam, e nunca adquiri capacidades suficientes para me defender delas, para as ignorar. Raramente uma besta me convence ou me manipula, o que deve ser um grave problema para esse tipo de pessoas, pelo menos em alguns contextos. Noutros contextos até é bom, fazem-me passar por louca. Parece-me que tenho sempre praticado uma loucura muito saudável, então.
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