Tuesday, January 15, 2008

16 de Janeiro

Caros leitores deste blogue (escassos, bem sei, mas não interessa), hoje, dia 16 de Janeiro, faz anos o meu amigo Paulinho Mongo. Este é o nome que lhe dou e queria dizer (mais) algumas palavras sobre ele. Este será um texto muito simples.
Em primeiro lugar, o Paulo é das pessoas mais importantes da minha vida, e desculpem o exagero, mas é mesmo. Eu tenho pai, tive mãe, tenho avó, irmão, cunhada, sobrinho, madrasta, marido, amigos. Estou completa, estou cheia como um estacionamento subterrâneo de um centro comercial à Sexta-feira, ao final do dia. Mesmo assim, o Paulinho é das pessoas mais importantes da minha vida, pela pessoa que é mas sobretudo, acima de tudo, pelo contexto da pessoa que é. Eu explico. Nunca fomos colegas na Faculdade e até acho que eu e ele, sem a Diana, nunca nos teríamos conhecido. Portanto a Diana foi o veículo para nos conhecermos. Mas depois veio tudo o resto, que nem sei explicar bem, muitas cartas, muitos poemas, muita arte, que só o Paulo sabe fazer e que sai sempre bem porque é tudo feito com amor, desculpem se pareço a minha avó que, mesmo quando os meus bolos se queimam, teima em comê-los. Neste caso não é assim. O Paulo é mesmo artista, como tal é perfeccionista, nem sempre acha brilhante o que faz e constrói. Mas estão cá os amigos para apreciar, dar valor.
Mais tarde a minha identificação com o Paulo deu-se não só por razões artísticas, mas por razões muito pessoais que já me fartei de referir neste blogue: a morte do pai do Paulo e a morte da minha mãe. Nessa altura desmoronaram os nossos mundos com muita força e ficámos muito ligados, mas ele não gostou porque tem bom carácter, e ninguém gosta que um amigo nosso saiba «exactamente» o que é o sofrimento pelo qual passámos. E eu passei a saber, porque perdi a minha mãe em circunstâncias muito parecidas com aquelas em que ele perdeu o pai. Foi por isso que ele chorou mais do que eu. Porque gosta muito de mim, e para ele o sofrimento era ao quadrado. Ele acha – e eu concordo – que ainda temos coisas a aprender um com o outro, por isso permanecemos a percorrer o caminho da vida juntos.
Depois, o Paulo tem uma capacidade de se indignar, zangar, espernear que pouca gente tem. Ele costuma indignar-se com todas as injustiças, sobretudo as mais flagrantes, mas acima de tudo, irrita-se com aquilo que aleija os amigos. E sinceramente agradeço-lhe isso, porque de todas as pessoas com quem fui falando o ano passado, o Paulo foi a única que berrou porque os meus sogros me tratavam mal, que bateu o pé com tanta força que se o levasse lá a casa alguém apanhava pancada. É o homem dos abanões e só conheço uma pessoa que lhe dá a volta com pinta e elegância: o Zé. Mais ninguém.
O Paulo tem uma zanga visceral com o mundo porque, como diz a Diana, não cabe nele, é maior do que o mundo e todas as pessoas cuja existência é assim são artistas, participam no mundo desse modo: exilados. O Paulo vive no exílio do mundo muitas vezes e noutras consegue participar nele magistralmente. Capta a realidade como poucos, divulgando-a no seu blogue.
Com o meu amigo Mongo aprendi coisas preciosas, não fosse ele mesmo uma pedra preciosíssima. Aprendi a atravessar as ruas nos sítios certos o mais rápido possível (sabem lá o jeito que isso me deu em Roma), a gritar quando me chateiam muito, a não ter medo (ou tentar perdê-lo), a escrever melhor, a apreciar a arte, a amizade e o amor.
Eu gosto quando os meus amigos fazem anos (embora nem sempre eles apreciem o seu próprio aniversário) porque lhes posso oferecer coisas, mas também palavras. Eu e o Paulo adoramos palavras porque são belas e íntimas. Elas sabem tão bem!
Parabéns, Paulo!

4 Comments:

At 3:26 PM, Blogger paulo said...

Antecipaste-te! Sua malandra. E já me fizeste chorar. Espero não ser sempre uma bestazinha :)
Obrigado Monga, por continuares, pela partilha destes anos todos, pela cumplicidade. E espero ter a hipótese de continuar a aprender contigo nesta e nas próximas vidas, com menos sofrimento se possível. Da minha parte, sabes que gosto muito de ti e continuarei a gostar, sejam quais forem as tuas opções, os teus problemas. Espero continuar a ser tão feliz quanto a felicidade que desejo para ti e para os teus.
Um beijo enorme e um abraço esmagador, do tamanho do mundo.

 
At 3:04 AM, Blogger fercris77 said...

Bestazinha, MONGO?? És sempre um AMOR, gosto imenso de ti!

Menos sofimento era mesmo mesmo bom, mas olha, foi o que nos calhou e vamos aprendendo juntos.

Beijos de PARABÉNS!!

 
At 11:40 AM, Blogger Denise said...

Olá Fernanda,
Umas linhas apenas para dizer que gostei muito deste teu post. E o Paulo merece coisas bonitas assim, não merece?
Um abraço,
Denise

 
At 4:11 PM, Blogger fercris77 said...

Cara Denise, muito obrigada pelo teu elogio! Claro que o Paulo merece bons textos. Se estiveres no aniversário dele podemos conhecer-nos pessoalmente, mas deixo-te desde já um grande beijinho.

 

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