Monday, October 15, 2007



A estupidez

A estupidez é humana. Completamente humana. Nenhum animal é tão parvo, tão tolo, tão estúpido, tão doente mental e tem ideias tão patéticas quando o homem. O homem deixa muito a desejar na evolução da espécie. A prova disso é a televisão. Parece que regredimos completamente. Já tivemos programas de entretenimento inteligentes, mas já não nos lembramos de nenhum. Hoje em dia temos quatro canais a dar porcaria às horas de maior audiência num Domingo (um dia já por si tão depressivo). Não fosse o Gato Fedorento na RTP1 e íamos todos alugar filmes ao clube de vídeo, ou ler ou fazer as tarefas de casa. O Domingo é uma pasmaceira. É o dia da semana em que mais apetece tomar anti-depressivos porque no dia a seguir é Segunda-feira. Depois passa.
A Sic ontem estava a apostar numa espécie de gala das Famílias Superstar. O que são famílias superstar? Ninguém sabe bem, nem as próprias famílias, nem a Bárbara Guimarães e muito menos o Tozé Brito, a Clara de Sousa ou os Anjos. A Fátima Lopes diz que a ela ninguém lhe põe moeda para chorar, mas naqueles Anjos tenho impressão que alguém põe uma moedinha. Ou isso ou são surdos que nem uma porta, ou então…choram de tristeza (a Paris Hilton ambém chora copiosamente quando ouve os próprios discos, mas percebe-se a razão). Ontem percebi a vontade de chorar, naquele programa e em tantos outros. Não há paciência…um a cantar mal é mau, mas uma família inteira é demais. Basta. O Tozé Brito tem uma carreira espantosa, sobretudo como produtor de música, mas ouve vozes de cana-rachada e bagaço e diz «tens futuro» certamente com a mesma convicção que o terá dito à Ágata, na altura Fernanda, quando ela cantava a Abelha Maia com pronúncia lisboeta e dizia «abalha» que ela tinha futuro. Ágata teve efectivamente futuro, mas voz para cantar, isso nunca teve. Gosto para vestir nunca ganhou e o bom gosto em atitudes faltou-lhe sempre. O Tozé Brito só teve culpa no que diz respeito à voz dela. O resto é culpa da própria.
A Clara de Sousa não sei o que percebe que música, mas tem tacto, postura. Mente um bocadinho, certo? Uma jornalista não pode ser surda. Dizer «és boa pessoa» é uma coisa, dizer «sabes cantar» é outra. Os Anjos está visto que além de não saberem cantar não sabem ouvir (pois, tem tudo a ver). Mas têm justificação. Desde pequenos que cantam para a avó deles e a avó deles, como todas as avós, devia ser surda, senão nunca lhes teria dito «são uns anjinhos!». Eu mandava-os ir jogar ao berlinde, à bola, cantar não. Muito menos todos de branco. Mania…a Ágata, Roberto Leal, Anjos. Bom, o branco é luto, por isso é que o Raul Ouro Negro o vestia. Assim faz sentido. Estão todos de luto pela própria voz.
Ontem a célebre gala apostou em juntar vozes conhecidas da mesma família. Eu sou franca. Não é porque a mãe ou o pai cantam que os filhos cantam. Está bem que há casos assim, como a Liza Minneli, a Judy Garland (a mãe) dava-lhe uns toques; como a Natalie Cole, filha do Nat King Cole, a Maria Rita, filha da Elis Regina. Mas são casos raros. E as vozes não são a mesma coisa. Agora não me venham com histórias…nem sempre filho de peixe sabe nadar e vice-versa. Quem disse que pelo facto de haver crianças cantoras os pais são tenores? Espero que a Floribella nunca convide os pais para cantar com ela.
Todavia, ontem a Sic fez o mais improvável dos improváveis: colocou lado a lado as irmãs Adelaide e Mila Ferreira, o Roberto Leal e a filha (cujo primeiro nome não me lembro e o último também não, mas não é Leal). No primeiro caso deu-se o desastre esperado. A Adelaide Ferreira é fantástica: quem a ultrapassa? Tem um poder vocal raro – ontem exagerou, gritou um bocado. Não foi amiga da irmã. Cantar lado a lado com uma advogada palhaça não é desafiante. A pobre Mila queixava-se «nem me ouvia ao microfone, os directos são assim, também não interessa». Completamente humilhada e sufocada pelo talento da irmã cantora. Na realidade, ninguém a ouviu. Nem ela própria. Mas toda a gente sabe que ela tentou, anos a fio, entrar para a televisão e ser cantora, mas que graças a Ediberto Lima isso não passou de um sonho (único mérito do senhor, que com cara de trolha das obras, somou e andou com o Big Show Sic). Mila gritava de tal forma na televisão que ninguém podia com ela. Tem postura de vencida da vida. A Adelaide é o contrário. Venceu há muito tempo, também pela mão do Tozé Brito, a quem agradeceu. Mas o mérito foi sempre dela. Pelo menos não se veste como a Ágata, evoluiu no visual.
Quanto ao Roberto Leal…a filha tem melhor voz. É capaz de não ser um grande elogio, visto que a filha não é cantora. Ao menos é afinada. Ele é insonoro e sensaborão como sempre foi na vida. Dantes copiava o «rei» Roberto Carlos, agora nem deve valer a pena, porque Roberto Carlos já se perdeu há muito. O Roberto Leal nasceu perdido. Não tem jeito para cantar, nem vestir, nem pintar o cabelo (já usou cores piores, agora anda na onda do Herman), e, sinceramente, devia aprender português. Está aqui há tanto tempo que faz pena ainda cantar em brazucunhês ou portugaleiro. Aprenda uma das duas: português ou brasileiro. E pare com aquela merda do «no Brasil sou português e em Portugal sou brasileiro», já não pega ele achar-se o «rostinho» da Lusofonia, que nunca existiu.
Só mais uma coisa…porque é que vestem a Bárbara Guimarães como se fosse a Jessica Rabbitt, a dizer as mesmas coisas que a miss Universo? Ao dizer «Mila, cantaste muito bem que eu ouvi e o Tozé Brito também acha» está a gozar com quem?
TVI. Um gajo tem de ver alguma coisa. Desculpem. Não sei o que é aquilo. É sobre casamentos, tipo Big Brother, dá todos os dias, mas também tem uma gala, com padrinhos e sogras famosos. Não percebi. Mais vale não perceber. Ali está a Júlia Pinheiro, cuja brilhante carreira terminou onde começou: na Noite da Má Língua. A Júlia Pinheiro pode ter uma voz de fugir, mas parece-me uma pessoa inteligente. Algures na vida deve ter percebido a fórmula certa de ganhar dinheiro: adular os tolos. Faz pena. Mas que haveria ela de fazer? Ser jornalista? Não. Rodeou-se daquelas figurinhas tipo Nuno Eiró (Serginho, Cláudio e Daniel Nascimento fazem parte do mesmo grupo de bichas tontinhas que acham que não são bichas e fingem que são heterossexuais, amando mulheres como quem gosta de flores para enfeitar jarros) e outros tantos que até são jornalistas mas não têm emprego. Júlia é destemida. Com a idade que tem vestem-na como se fosse uma garota de programa e ela goza consigo mesma. Ontem estava vestida como uma velha gaiteira, não lhe caía nada bem aquele preto todo e os cabelos em pé. Faltava uma bolsa em forma de caixão (eu e a Patrícia vimos um gótico assim em Picoas) ou uma vassoura. Medonha. Bastava a voz para assustar, não?
O programa não tem comentário possível, mas vai buscar aquelas frases feitas sobre casamento que quem se casa acha sempre uma verdadeira comédia negra, nomeadamente «o amor vence tudo». Veja-se esta cena de ontem na gala. Júlia dá o mote que as regras foram desrespeitadas e que agradecia que quem as tivesse desrespeitado avançasse um passo. Dois homens feitos e barbados avançam e todos batem palmas (eu e o Pedro íamos vomitando, foi por pouco) e as respectivas amadas ficam orgulhosas. O que raio tinham feito os moços? Tinham enviado mensagens de amor à socapa. Agora eu pergunto: há câmeras em todo o lado, certo? Repito. Há câmeras em todo o lado, certo? Pois. Era desnecessário. Se foram filmados, não valia a pena mandarem «mensagens escondidas». O meu avô e a minha avó, que namoraram à socapa dos pais, sob duras proibições, iam achar isto uma ofensa.
Justificação de um dos rapazes «saudades» e a Júlia-Bruxa-Má «e as regras?». O segundo «disse à minha noiva que iria sempre dizer-lhe que a amava, estivesse onde estivesse». Mas o gajo foi para a guerra combater? Como é que há homens que gostam tanto de ser tratados como meninos? E mulheres a comportarem-se como meninas? Nunca vi. Ali há choro todos os dias. Alguém morreu? É uma constante frustração com a vida que ninguém percebe. As pessoas fecham-se numa casa porque querem, a ganhar uma verba diária, por isso é um concurso, um jogo, um programa. Quantas pessoas deste mundo vivem fechadas numa casa sem ganhar um tostão? Meu Deus…que se passou com aquela gente?
Ontem salvou-se o Gato Fedorento, aliás como sempre. Vi das coisas mais hilariantes da minha vida, que nunca tinha visto, que nunca esperei. Um dos Tesouros Deprimentes da década. O toureiro João Salgueiro, com vinte anos de carreira tauromáquica (esta profissão estará registada? Haverá fundo de desemprego e seguros para quem leva cornadas?), resolveu fazer das suas. O malandro desafiou um touro de 602 Kg porque, e cito o próprio toureiro «chateei-me com o touro, ele marrou no meu cavalo várias vezes, fiz aquilo num gesto de coragem, não foi programado». Em primeiro lugar, damos todos graças de não ter sido programado…olha se fosse! Em segundo, vamos a votos. O touro foi provocado muito antes, certo? É sempre assim. Chama-se «tourada», significa que ou o touro marra ou nada feito. E aquele até estava manso na arena até se irritar a sério. O cavalo não tinha a culpa, e Salgueiro até devia ter descido do cavalo antes, a ver se apanhava directamente com o touro. Porque será que nunca tenho pena dos toureiros e acho sempre que apanham pouco e tarde demais? Acto de coragem? Que brincadeira é essa? Burrice não é coragem. É burrice.
Os fundamentos tauromáquicos (?) são, no mínimo, constrangedores. Em primeiro lugar, só se luta de igual para igual. Por exemplo no boxe há categorias pelo peso das pessoas, pelo sexo. Olha porem-me a lutar com um gajo de 80 Kg? Portanto, a luta homem-touro é desigual. Como é que o homem resolve isto? Pica o touro, dopa o touro, confunde-o, cerra-lhe os cornos. Porra, não. O homem é que devia engordar até aos 600 kg, ganhar força e depois sim, touro dos bons, cornos bicudos, beiços peganhentos, força no homem. Lembram-se das arenas romanas? Os homens lutavam com os leões, mas tinham músculo, preparavam-se para isso. Não se vestiam à tolinhos, em cima do cavalo (a ver se o cavalo é colhido primeiro, excepto no caso do «corajoso» Salgueiro, que desce do cavalo para o proteger!), com umas varas pontiagudas cheias de fitas (tipo Fernanda da Muleta). Finalmente dão umas «estocadas» (termo técnico para um nortenho designar «quecas»).
Acabo de me lembrar de algo que me daria um desgosto enorme. Um filho chegar-se a mim e dizer «mãe, quero ser toureiro!». Bolas, que pensamento mau.
Os tipos do Gato Fedorento ainda disseram outra coisa estupenda: quem se veste daquela maneira parva que os toureiros se vestem? Resposta: a Vivianne Westwood depois de meter alguma cocaína nas veias. Tenho de ler sobre touradas. Nunca percebi nenhuma. Calculo que faça parte da estupidez humana.

2 Comments:

At 4:14 AM, Blogger XaninhA said...

Olhe querida eu também sou uma estrela! Só não vou a esses programas da SIC para não tirar a vez aos outros (alguns)! Sim, porqu além disso eu sou muito humilde e quando quero ver a Jessica Rabbit vejo o filme! :p

Quanto ao casamento, olhe, sei lá, aquilo é uma chachada... Eu nunca vi, só espreitei, e achei aquilo horrendo, sei lá! Além disso, aqueles pindéricos só foram ali ganhar dinehiro e estão sp a dizer baboseiras do género: Vamos ser muito FELIZ! (Blurg = vómito).

O Gato é que nos safa, ainda que eu não goste de gatos. Mas vá lá. Nesse já entrava (nem que fosse o Touro) :p

 
At 8:44 AM, Blogger Brisa said...

A estupidez transformou-se numa qualidade fazedora de fama e dinheiro! Tuga que se preze exibe a favola destentada ou em putrefacção avançada, diz coisas como "o amor é... o Benfica! Viva o Benfica!", só para aparecer na TV. O povinho que vive dentro da caixa mágica, apesar de formado, não é melhor. Troca galhardetes, elogia o inelogiável e chama boa profissional a uma tipa gira cuja única arte é a de fazer boquinhas sexys com o bocalhão com que Deus a abençoou - sim, falo da Bárbara Guimarães. E tudo porque dentro da caixinha se tecem "relações" que a tudo obrigam! Portanto, somos inevitavelmente um país de energúmenos!

 

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