A Igreja
Não gosto de missas. Acho-as mecânicas, repetitivas, chatas. Mas esta foi curta, não me posso queixar, com meia dúzia de pessoas daquelas que conhecem a missa de cor e sabem logo quando hão-de falar. Assim é bom ir à missa, nem que seja pela igreja, pela compenetração humana, pela oração. O padre era daqueles que resumia a missa em meia hora, coisa simples. Rezava na profundidade da alma, apesar da mecanicidade dos gestos.
Lá estava o pessoal do bairro, reunido há um ano atrás numa festa barulhenta, com arroz à mistura. Era o mesmo pessoal, mas agora chorava copiosamente a morte do Z., marido da C. E eu na fila da frente com ela, entre ela e a mãe, a fingir que rezava, mas no fundo compenetrada em que a alma do Z. ficasse a habitar um lugar calmo, seguro, pacífico, pedindo protecção ao meu guia espiritual, a minha mãe, para a C.
Gosto muito de viver. Não por ser uma obrigação, mas porque há pessoas que valem a pena. Quanto mais amigos perdemos, vemos morrer ou até sofrer, mais devemos dar valor à vida. É preciosa q.b., como açúcar num bolo que não seja para diabéticos.
Ao meu lado esquerdo a C. segreda-me «quando quiseres vai embora, não estás presa nem faças frete»…como a C. é compreensiva e boa rapariga! Todavia, não vou embora, oiço lágrimas, oiço suspiros, mas a C. aguenta-se com a sua cara risonha, mas muito triste e as suas olheiras gigantes, toda vestida de preto, que não lhe cai nada bem. Custa-lhe a leitura das epístolas, aí hesita uma lágrima porque está perante todos. No final, algumas pessoas vão cumprimentá-la e a mãe dela diz-me à parte «obrigada por tudo, minha querida». Fico feliz. Fiz pouco, quase nada mesmo, mas estive ali, tão perto quanto podia.
A igreja respira calma e harmonia, contrastando com a minha ansiedade interior. Chego a casa e fico banzada: com vidas tão tristes como a da C., ainda há gente que se preocupa em ofender o próximo, em denegrir a minha imagem? Fico a pensar que tenho mais que fazer na vida, nomeadamente ajudar a C., que precisa de companhia. É por isso que a vida vale a pena.
Não gosto de missas. Acho-as mecânicas, repetitivas, chatas. Mas esta foi curta, não me posso queixar, com meia dúzia de pessoas daquelas que conhecem a missa de cor e sabem logo quando hão-de falar. Assim é bom ir à missa, nem que seja pela igreja, pela compenetração humana, pela oração. O padre era daqueles que resumia a missa em meia hora, coisa simples. Rezava na profundidade da alma, apesar da mecanicidade dos gestos.
Lá estava o pessoal do bairro, reunido há um ano atrás numa festa barulhenta, com arroz à mistura. Era o mesmo pessoal, mas agora chorava copiosamente a morte do Z., marido da C. E eu na fila da frente com ela, entre ela e a mãe, a fingir que rezava, mas no fundo compenetrada em que a alma do Z. ficasse a habitar um lugar calmo, seguro, pacífico, pedindo protecção ao meu guia espiritual, a minha mãe, para a C.
Gosto muito de viver. Não por ser uma obrigação, mas porque há pessoas que valem a pena. Quanto mais amigos perdemos, vemos morrer ou até sofrer, mais devemos dar valor à vida. É preciosa q.b., como açúcar num bolo que não seja para diabéticos.
Ao meu lado esquerdo a C. segreda-me «quando quiseres vai embora, não estás presa nem faças frete»…como a C. é compreensiva e boa rapariga! Todavia, não vou embora, oiço lágrimas, oiço suspiros, mas a C. aguenta-se com a sua cara risonha, mas muito triste e as suas olheiras gigantes, toda vestida de preto, que não lhe cai nada bem. Custa-lhe a leitura das epístolas, aí hesita uma lágrima porque está perante todos. No final, algumas pessoas vão cumprimentá-la e a mãe dela diz-me à parte «obrigada por tudo, minha querida». Fico feliz. Fiz pouco, quase nada mesmo, mas estive ali, tão perto quanto podia.
A igreja respira calma e harmonia, contrastando com a minha ansiedade interior. Chego a casa e fico banzada: com vidas tão tristes como a da C., ainda há gente que se preocupa em ofender o próximo, em denegrir a minha imagem? Fico a pensar que tenho mais que fazer na vida, nomeadamente ajudar a C., que precisa de companhia. É por isso que a vida vale a pena.
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