As Regras da Vida
Eu gosto muito de alguns livros de auto-ajuda. Chama-se assim à literatura cujo objectivo principal é, como o próprio nome indica, alguém se ajudar a si próprio por via de estratégias pessoais de várias categorias: combate ao stress, alimentação, relações interpessoais, etc. Os livros aconselham, às vezes com alguma graça, a voltar a tomar as rédeas da própria vida. A questão que se coloca é: de que adiantam estas leituras? Pelo menos algumas divertem. Das que tenho feito nestes últimos anos, e confesso que sou uma consumidora do género, gosto daquelas menos light, mais pesadas, que estudam a interacção da mente com o corpo, obras escritas por médicos, psiquiatras, psicólogos. As leituras ligadas à secção da espiritualidade são mais complicadas de seleccionar porque se encontra de tudo: o mau, o banal, o trivial até ao budismo mais elaborado, reiki, chacras, vidas passadas, ressurreição.
Enquanto ser humano, não posso dizer que tudo isso não me interessa, acho imensa piada a tudo aquilo que nem consigo imaginar mas que gostaria que acontecesse, como a vida para além da morte, adoro a interpretação de sonhos, embora não lhes encontre sentido nenhum e por aí fora. No fundo, sou uma céptica que gostaria de ser crente.
Encontrei ontem aqui na Universidade um livro que me interessou, muito simples, francamente simples, mas sem ser banal. Para além disso, divertido ao máximo. Chama-se «As Regras da Vida», tendo como mensagem principal, claro está «Para ser uma pessoa mais feliz, mais tranquila e mais realizada». Foi escrito por um profissional em auto-ajuda, isto é, alguém que fala só a partir da experiência própria, portanto é um livro light, não tem fundamentações críticas e científicas de maior, nem faz pretensão de as ter. A Patrícia já está a amaldiçoar-me com a frase «Mais valia teres-me dado o dinheiro a mim!». Mas o livro vale pelas bejardas doces que atira para o ar, que ficam entre o conselho e a boca foleira, do género «Deves pensar que és esperto e que não te acontece nada, não?».
Em primeiro lugar, o que têm de comum todos estes livros? Um, ajudarem só quem os percebe (e quer ser ajudado). Dois, dizerem sempre que tudo faz sentido neste puzzle estranho e desaustinado que é a vida. Amigos, acreditem. Eu quero mesmo que tudo faça sentido. Sou dessas pessoas impulsivas que é capaz de partir as peças do puzzle só para as peças caberem noutro sítio qualquer…não aconselho a ninguém. Então, enquanto eu lia o livro no comboio pensei uma coisa, quem sabe também faça sentido: pensei escrever o que aprendi. Pronto, em trinta anos uma pessoa aprende imenso, mas…será que sim? Se há coisa de que me convenço é que não aprendi nada sozinha. Sozinha estava predisposta a aprender. Por isso, e se tudo fizer sentido, houve lições de vida que consegui aprender e outras que me passaram ao lado com toda a rapidez do mundo.
Eis algumas de que Richard Templar fala que me parecem muito importantes. Cito apenas as minhas favoritas:
“ A sabedoria não consiste em não cometer erros, mas em aprender a escapar depois de os cometermos com a nossa dignidade e sanidade intactas “.
“ Fracassar é aceitável. Visar um objectivo de segunda não é. “
“ Não é possível saber de que parte dos nossos esforços resulta a melhor recompensa “
“ A dignidade tem a ver com o auto-respeito e uma auto-estima discreta “
“ Manter a fé é algo que se faz. Ser bonzinho é tentar converter os outros. “
“ A base é onde estávamos antes de nos perdermos “
“ O estabelecimento de fronteiras pessoais significa que deixará de ter de recear as outras pessoas “
“ Atirar dinheiro para cima do problema não o resolve, apenas o adia. “
“ Sentirmo-nos culpados é um bom sinal “
Acho-as todas frases magníficas, porque mesmo quando parecem do mais simples do mundo, exigem o melhor de nós.
1 Comments:
As ideias mais simples são mesmo as mais profundas e, ao mesmo tempo, difíceis de alcançar. São as que nos consomem mais tempo de reflexão, as que chocam mais com os vícios e manias instituídas, mas também as que maior prazer nos dão alcançar a compreensão.
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